Luciane Viana Barros Páscoa
(UEA; GT RIdIM-Brasil - AM)
Considerações sobre a montagem de Il Guarany de Carlos Gomes no IV Festival Amazonas de Ópera
A quarta edição do Festival Amazonas de Ópera coincidiu com uma efeméride polêmica: as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Realizado pela produtora São Paulo/Imagem Data, o festival aconteceu entre os meses de abril e maio de 2000, destacando-se quatro récitas de Il Guarany, de Carlos Gomes. A montagem teve a direção cênica de Iacov Hillel (1949-2020), cenografia de Renato Theobaldo, figurino de Elena Toscano, um elenco de cantores brasileiros e estrangeiros, uma equipe para maquiagem e pintura corporal, além da participação dos corpos artísticos do Teatro Amazonas. Depois de um intervalo de 93 anos assistia-se novamente uma montagem de Il Guarany no palco do Teatro Amazonas, visto que a última récita registrada pelo musicólogo Márcio Páscoa (2000) foi realizada na temporada lírica de 1907. Incumbida de grande responsabilidade, a produção do espetáculo foi meticulosa e seguiu uma proposta visual naturalista, com vários elementos conceituais inseridos nas soluções cênicas. A retomada da produção das óperas de Carlos Gomes foi iniciada pela produtora São Paulo/Imagem Data alguns anos antes, durante a realização de um ciclo gomesiano no Teatro Nacional de Sofia, na Bulgária. Pretende-se neste estudo analisar os aspectos iconográficos, estéticos e simbólicos do espetáculo através das fotografias produzidas por Alberto Cesar Araújo e Roumen Koynov, que integram o acervo da produtora. Serão abordados documentos que se referem à recepção crítica do espetáculo registrada no período. Para isso, fundamenta-se nas teorias de Panofsky (2014), Chiaradia (2011), Kossoy (2001), Dubois (2003) e Pavis (2014), para a análise das fotografias e do espetáculo, procurando contribuir para a memória da ópera no norte do país.
Breve Biografia
Possui graduação em Artes Plásticas e em Música pela UNESP, mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) e doutorado em História Cultural pela Universidade do Porto (2006). É professora da Universidade do Estado do Amazonas, onde atua no Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes, e no curso de Música, no qual ocupa as cadeiras de Estética e História da Arte e Filosofia da Arte. Ainda nesta instituição, realiza atividade de pesquisa no Laboratório de Musicologia e História Cultural, no qual coordena a área de projetos, dentre os quais se destacam patrocínios importantes junto a instituições de projeção nacional, como Petrobras, com o projeto Ópera na Amazônia no período da borracha (1850-1910). É líder do grupo de pesquisa Investigações sobre memória cultural em artes e literatura, do PPGLA da UEA. É autora do livro Artes Plásticas no Amazonas: o Clube da Madrugada, Editora Valer (2011) e do livro Álvaro Páscoa: o golpe fundo, Edua (2012). Colabora com a revista de arte contemporânea portuguesa Umbigo. Atua principalmente nos seguintes temas: história da arte, arte luso-brasileira, iconografia musical, iconografia da dança e do espetáculo, iconologia.
É
membro ativo do Grupo de Trabalho RIdIM-Brasil sediado em Manaus, AM.