Alberto Dantas Filho
(UFMA; GT RIdIM-Brasil - MA)
Entre a ortodoxia e o pragmatismo no estudo da Iconografia Musical no Brasil
O trabalho trata de alguns vieses da abordagem epistemológica da iconografia musical no Brasil a partir do surgimento do interesse sobre o tema, partindo do estudo Três séculos de iconografia musical no Brasil da autora Mercedes Reis Pequeno e abordado no âmbito do livro Estudos luso-brasileiro de iconografia musical, organizado pelo RIdIM-Brasil e publicado pela EDUFBA em 2016. Beatriz Magalhães Castro, ao abordar o assunto no referido livro, lembra-nos da ligação ontogênica entre o estímulo a trabalhos que enfatizassem a percepção identitária em formação, em um ambiente de crescente nacionalismo. As matrizes especulativas que emolduravam estes trabalhos partiam, invariavelmente, de uma visão memorialista e historicizante que levaram a uma visão científica de cunho empirista em seu sentido mais profundo: o papel sensório-especulativo a partir da experiência, enquanto o pragmatismo estabelecia os desdobramentos práticos na construção de sentido de uma dada experiência. No caso das investigações iconográficas e iconológicas brasileiras vemos uma variação de abordagens que vão de uma ortodoxia alinhada à construção do concreto como um meta-signo, como uma dobradura de significantes, ora atuando como disseminador, ora em acepção negativa (assêmica), também constantes do discurso para-musical na segunda metade do século XX e as abordagens baseadas na interpretação iconológica proposta pelo historiador Erwin Panofsky e baseada na “interpretação sintomatológica” (iconológica) que pode nos levar a uma atitude para além dos estudos iconográficos: a descoberta de uma simbologia inconsciente e assimétrica, tanto em relação aos achados iconográficos, quanto reveladoras de novos e imprescindíveis achados.
Breve Biografia
Alberto Pedrosa Dantas Filho é carioca, licenciou-se em Música pela Universidade Federal de Pernambuco onde estudou composição com Marisa Barcelos Resende e regência com Henrique Gregori, Osman Gioya e Sebastian Grabe. É doutor pela Universidade Nova de Lisboa, exerceu consultoria musicológica no Acervo Musical João Mohana para o Arquivo Público do Maranhão, foi diretor do Departamento de Assuntos Culturais da UFMA e, atualmente, coordena a equipe de implantação da Orquestra Sinfônica da Universidade. Rege o coral feminino Vox Feminae e leciona no Programa de Mestrado em Artes do Departamento de Artes da UFMA.