Beatriz Magalhães Castro
(UnB; GT RIdIM-Brasil - DF)
O nu e o vestido: o corpo nas representações iconográficas musicais brasileiras e desdobramentos da semana de 22
Representações iconográficas têm possibilitado a expansão dos estudos sobre a imagem, seja esta como imagem físico-visível, imagem-linguagem ou imagem-conceito. Segundo a conceituação conferida por Baldiserra (2008), “a imagem-conceito pode ser entendida como construto simbólico, complexo e sintetizante, de caráter judicativo/caracterizante e provisório, realizada pela alteridade mediante permanentes tensões dialógicas, dialéticas e recursivas, intra e entre uma diversidade de elementos-força, tais como a cultura, os saberes prévios, a subjetividade e as expectativas. Afirma-se a tese de que a imagem-conceito, anterior à comunicação, realiza-se no âmbito da significação, tendo a comunicação como um dos seus principais processos potencializadores.” Neste sentido, e a partir do paradigma da complexidade (Morin), os complexos processos de significação aos quais estão vinculadas, permitem estudar o contexto “eco-psico-sócio-cultural” no qual seus significados são urdidos, revelando as tramas subjacente aos seus processos criativos. No espaço brasileiro, as representações de práticas musicais se destacam a partir dos desdobramentos da semana de 22 na apropriação do modernismo no país, problematizando o conceito de “brasilidade”. Partindo da contribuição de Lasar Segall, como introdutor de uma linguagem imagética apurada em meios exógenos ao brasileiro, identificamos as formas pelas quais principalmente o corpo e a corporeidade passam a estruturar as cenas e composições visuais. A partir da análise iconológica das fontes, buscamos demonstrar como suas representações podem acompanhar representações do feminino e do masculino e da forma como são (des)vestidos, induzindo a uma brasilidade construída em mitopoéticas imagéticas.
Breve Biografia
Primeiro prêmio do Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris frequentando ainda as Classes de História da Música e Análise naquele conservatório (1985); Mestrado em Música (Master of Musical Arts, MMA) - The Juilliard School of Music (1987) e doutorado em Música (Doctor of Musical Arts, DMA) - The Juilliard School of Music (1992). Realizou estudos de pós-doutoramento em musicologia na Universidade Nova de Lisboa como pesquisador-bolsista da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (2002-2008). Prêmios semelhantes foram concedidos pela Bibliothèque Nationale de France – Départament de Musique (Programme Profession Culture, 2007), Fundación Carolina-CSIC-Instituición Milà y Fontanals de Barcelona (2008), e pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (2009). Atualmente conclui monografia resultante da pesquisa como recipiente do Prêmio Bolsa de Pesquisa do Ministério da Cultura / Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, edição 2009-2010, focado sobre a Coleção Teresa Christina Maria e a prática da música instrumental durante os I e II Reinados. É Coordenadora do Comitê RILM-Brasil e membro do Comitê RISM-Brasil, e Presidente da IAML-Brasil- Seção brasileira da Associação Internacional de Bibliotecas de Música, Arquivos e Centros de Documentação Musical (IAML/AIBM), o qual fundou e coordenou desde 2009 até a sua formalização em 2014 (aprovação na Assembleia Geral da IAML, Antuérpia, Julho de 2014). Como professor Associado III da Universidade de Brasília, é Editora-Chefe da Revista "Música em Contexto" e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Música em Contexto da UnB, o qual fundou e atuou como primeira Coordenadora. Membro da Sociedade Internacional de Musicologia (IMS) e do Comitê Gestor para a constituição da Associação Brasileira de Musicologia (ABMUS). Coordena ações de organização e preservação da obra de Claudio Santoro do Laboratório de Musicologia da UnB.