Márcio Páscoa
(UEA; GT RIdIM-Brasil - AM)
A posição social do artista em Florença no fim do século XVII a partir das obras de Anton Domenico Gabbiani (1652-1726) para a vila de Pratolino
Entre 1684 e 1687, o pintor florentino Anton Domenico Gabbiani, a serviço do Grand Principe Ferdinando da Toscana (1663-1713), realizou uma série de quadros a pedido deste, para integrar a vila de Pratolino, uma das residências do grão ducado, em que decorreram apresentações de ópera anualmente. Subsistem quatro obras de grande dimensão, em que foram arrolados os contratados de Ferdinando, o grão duque Cósimo III (1642-1723) e outros membros da família Médici, envolvidos nas atividades musicais de Florença àqueles dias. Muitos dos retratados podem ser identificados e o seu envolvimento com os Médici varia de uma episódica participação à exclusividade total. Através de diversos elementos, especialmente a indumentária e o colorismo atribuído por Gabbiani às vestes, é possível especular com graus diferentes de certeza sobre a posição social dos músicos retratados, observando-se sobretudo que muitos deles já haviam se tornado profissionais exclusivos da função musical, décadas antes da maioria dos seus colegas europeus, num tempo em que muitos músicos exerciam trabalhos fora da arte para garantir o sustento.
Breve Biografia
Doutor em Ciências Musicais Históricas pela Universidade de Coimbra, fez Mestrado em Musicologia no Instituto de Artes da Universidade Estadual de São Paulo (1997), mesmo lugar onde se graduou em Instrumentos Antigos (1994). Atualmente é professor do Curso de Música da Universidade do Estado do Amazonas, onde coordena o Laboratório de Musicologia e História Cultural. Dirigi a Orquestra Barroca do Amazonas. Autor de diversos livros dos quais se destacam a série Ópera em Manaus e Ópera em Belém.