Fábio Vergara Cerqueira
(Universidade Federal de Pelotas)
A cítara retangular, a harpa e o sistro na iconografia dos vasos ápulos:
aspectos morfológicos, sociais e simbólicos
A cidade de Tarento, no sul da Itália, foi sede de uma pujante indústria oleira entre o final do século V e início do século III a.C., influenciando o surgimento de oficinas oleiras de tradição grega em localidades nativas, habitadas por povos ápulos, helenizados em maior ou menor medida. Esta indústria notabilizou-se pela produção de vasos de tradição grega, decorados conforme a técnica de figuras vermelhas, ao que se acrescentaram novas técnicas, como os vasos polícromos sobrepintados, os chamados vasos de Gnathia. O repertório iconográfico fixado nestes vasos destaca-se pela amplitude do material referente à música, em particular, aos instrumentos musicais. O escopo desta fala será apresentar três instrumentos musicais, caracterizados de modo bastante singular na pintura dos vasos ápulos, a cítara retangular, a harpa e o assim conhecido “sistro ápulo”. Serão abordados aspectos morfológicos, sociais e simbólicos, relacionados sobretudo à dimensão amorosa, levando-se em consideração o horizonte intercultural em que este repertório foi produzido, em meio a trocas culturais e comerciais entre os gregos coloniais de Tarento e os povos nativos (messápios, peucécios e dáunios).
Breve biografia
Professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal de Pelotas. Bolsista Produtividade CNPq em Arqueologia. Pesquisador Visitante na Universidade de Heidelberg - Instituto de Arqueologia Clássica. Bolsista Fundação Humboldt/Alemanha - modalidade Pesquisador Experiente - Arqueologia Clássica (2014-2017) e integrante da diretoria do Clube Humboldt do Brasil. Graduou-se no curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1989) e concluiu doutorado em Antropologia Social, com concentração em Arqueologia Clássica, pela Universidade de São Paulo (2001). . Coordenador do Programa de Pós-Graduação em História da UFPel (2015-2017). Leciona nos cursos de História Licenciatura e Bacharelado, Antropologia/Arqueologia Bacharelado. Entre 2006 e 2009, professor do Mestrado em Ciências Sociais. Desde 2007, professor permanente do Programa de Doutorado e Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural, e, desde 2009, do Mestrado em História. Nesta universidade, foi diretor do Instituto de Ciências Humanas por dois mandatos (2002-2010), coordenador do Curso de História (2000-2002), coordenador do Laboratório de Antropologia e Arqueologia (2001-2012) e do Museu Etnográfico da Colônia Maciel (desde 2006), integrando ainda a coordenação do Laboratório de Estudos da Cerâmica Antiga (desde 2011) e do Circuito de Museus Étnicos (desde 2008). Foi Presidente (2001-2003) e Vice-Presidente (2004-2005) da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, tendo sido Presidente do V Congresso da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC), realizado em 2003. Foi coordenador nacional do GT de História Antiga da Associação Nacional de História (ANPUH) entre 2007 e 2008. Integra os conselhos editoriais dos seguintes periódicos: Dimensões. Revista de História (UFES); Metis (UCS); Cadernos do LEPAARQ. Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio (UFPEL); Justiça & História (Tribunal de Justiça do RS); Memória em Rede (UFPel); Patrimônio e Memória (UNESP); Plêthos (UFF); Romanitas (UFES) e Classica. Revista da SBEC. Experiência na área de História, ênfase em Arqueologia Histórica e Arqueologia Clássica, atuando principalmente nos seguintes temas: música, arqueologia, antiguidade clássica, história antiga e iconografia. Dedica-se ainda às áreas de Memória Social e Patrimônio Cultural, bem como à gestão museológica. Pesquisou junto a instituições estrangeiras, tais como Centre Jean Bérard / École française de Rome - Nápoles e École française d'Athènes.