Mary Angela Biason
(Museu Carlos Gomes, Campinas/SP; GT RIdIM-Brasil - MG/SP)
A iconografia musical na arte grotesca: um estudo para exposição
O vocábulo Grotesco teve origem na língua italiana, derivado de grotta (gruta). O termo foi utilizado para denominar objetos ornamentais e pinturas encontrados durante escavações feitas em Roma no final do século XV. A surpresa tomou os artistas da época pela presença de elementos antinaturais que entrelaçavam e fundiam formas humanas com animais e vegetais.
No Renascimento, essa deformação inesperada ganhou significado lúdico e fantasioso, porém angustiante por caracterizar o ridículo, o assustador, o monstruoso. Essa estética extrapolou a arte ornamental alcançando a literatura e o teatro como veículo de crítica social, em que a ordem natural das coisas foi posta às avessas.
Essa desarmonia gera não só o espanto e o riso cruel, mas também o nojo e o horror. Isto é o que faz do grotesco um tema ainda recorrente nas artes e nas mídias contemporâneas.
As imagens presentes nesta exposição privilegiaram o grotesco na arte figurativa do Renascimento e Barroco, quando, dos entrelaçamentos inesperados, surgem figuras com instrumentos musicais, além de temas relacionados à música, à dança e ao teatro. As escolhas foram feitas consonante às atividades desenvolvidas na IV Semana de Música Antiga da UFMG acontecido em 2013.
Breve Biografia
Graduada em Composição e Regência na UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, continuou seus estudos de musicologia em Portugal, é Mestre em Artes pela USP - Universidade de São Paulo. Tem-se especializado na organização de acervos de documentos musicais, desenvolvendo trabalhos no Museu da Inconfidência em Minas Gerais, no Museu Carlos Gomes em Campinas, como também a catalogação e divulgação do repertório produzido no Brasil nos períodos colonial e imperial, além do repertório tradicional das bandas de música do município de Ouro Preto através de festivais que coordena. Entre os vários trabalhos realizados, destacam-se as publicações de catálogos temáticos e de obras transcritas vocacionadas para o repertório brasileiro dos séculos XVIII e XIX e curadoria de exposições. Além da musicologia, estudou museologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e restauração de papéis no Istituto per l’Arte ed il Restauro “Palazzo Spinelli” em Florença como bolsista da Rotary Foundation. É membro da Câmara Técnica de Paleografia e Diplomática do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) e da Grupo de Trabalho do Repertório Internacional de Iconografia Musical no Brasil (RIdIM-Brasil) em Minas Gerais e São Paulo (Campinas).