Pablo Sotuyo Blanco
(UFBA; RIdIM-Brasil)
Marcadores culturais na Iconografia Musical no Brasil
Qualquer tentativa de classificar a Iconografia Musical de âmbitos multiculturais, partindo da observação dos conteúdos imagéticos e da consequente identificação daqueles relativos a uma ou outra cultura musical (ou a mais de uma), precisa saber a priori quais seriam os aspectos a considerar como relativos à(s) referida(s) cultura(s) e quais não, para assim tentar identificá-las. Por outro lado, esse mesmo processo, requer entender a quais culturas musicais estamos nos referindo, isto é, quais as matrizes culturais envolvidas e que aspectos identificáveis podem ser atribuídos às referidas classes. Na observação cuidadosa dos elementos representados na iconografia estudada é possível identificar: a) objetos; b) espaços; c) personagens; e d) atividades, dentre outras. Se entendidos como marcadores culturais, eles podem ser vinculados com maior ou menor facilidade a determinada etnia que, por sua vez, pode se relacionar com os territórios correlatos, sejam assim considerados pela sua origem ou seu âmbito de pertencimento. Afinal, como afirma Lundberg (2010, p. 31), “para expressar uma singularidade étnica específica, a música, a dança e outras formas culturais têm funções importantes como marcadores de identidade grupal”. Sem querer expandir e/ou aprofundar excessivamente os limites da discussão relativa à música nas diversas matrizes culturais (presentes ou pretéritas, sejam de origem americana, europeia, africana, asiática ou da Oceania), seus objetos e personagens correlatos, suas práticas e espaços enquanto marcadores culturais, na busca de arcabouços e alicerces adequados, em termos gerais, para um melhor discernimento das classes almejadas, outros conceitos serão avaliados. Afinal, o potencial acúmulo de pressupostos subjacentes ao sistema de classificação precisa de alguns lembretes e precisões na sua definição conceitual, estrutural e processual.
Breve Biografia
Docente e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA) onde também obteve seu doutorado em 2003, é um dos iniciadores de diversos projetos nacionais relacionados à documentação relativa à música, incluindo o estabelecimento do Repertório Internacional de Iconografia Musical no Brasil (RIdIM-Brasil) do qual é atualmente o presidente, do capítulo nordestino do Repertório Internacional de Fontes Musicais no Brasil (RISM-Brasil) e integrante pro tempore do Comité Gestor interino da filial brasileira da Associação Internacional de Arquivos, Centros de Documentação e Bibliotecas de Música (IAML-Brasil). Coordena o Acervo de Documentação Histórica Musical (ADoHM) da UFBA e presidiu a Câmara Técnica de Documentos Audiovisuais, Iconográficos, Sonoros e Musicais (CTDAISM) do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) em representação da UFBA entre 2015 e 2019. Ativo compositor e musicólogo, tem publicado amplamente a sua produção científica sobre música e iconografia musical no Brasil e no exterior. Atua na área de Música com ênfase em Musicologia Histórica, Teoria e Análise Musical, e Ciência da Informação aplicada em documentação musical.