Alberto Dantas Filho
(Universidade Federal do Maranhão; CM RIdIM-Brasil - MA)
Sentimento nativista no Império do Brasil: entre a nova tradição iconográfica e a lenta construção de uma música nacional
Representação direta entre a novidade do novo estado e a continuidade remanescente de uma herança europeia na América, as experiências governativas que engendraram a “ideia de uma cultura nacional”, como em Ricardo Salles e Alfredo Bosi, encontram-se no cerne da discussão a respeito da formação de uma arte e de uma matriz identitária onde encontramos a literatura, e o seu papel de liderança, como segmento de uma cultura monárquica entre nós, a iconografia, mediadora das condições físicas e naturais de uma paisagem que não conseguindo se ver na Europa, reinventa-se como substrato exótico e diferenciador e a música, mais fechada e centrada na tradição operística, mesmo em sua face sacra, baseando-se na importação de um modelo elitista, mas distanciando-se da literatura e do seu projeto de desenvolver uma “temática nacional”, assim como do exotismo iconográfico. Dessa forma, propomos um olhar entre a iconografia musical da segunda metade do século XIX, durante o Segundo Império, e as variadas formas vigentes na época de representações artístico-musicais no contexto da formação de nosso romantismo, mediadas pela literatura imperial. Acreditamos que a música praticada nas províncias mais afastadas da capital da Corte pode representar uma dinâmica de resistência às novas e bem sucedidas tentativas de implantação de nacionalismos musicais entre nós, com ritmos e características singularizadas e circunstanciadas pelas diferenças regionais.
Breve Biografia
Alberto Pedrosa Dantas Filho é carioca, licenciou-se em Música pela Universidade Federal de Pernambuco onde estudou composição com Marisa Barcelos Resende e regência com Henrique Gregori, Osman Gioya e Sebastian Grabe. É doutor pela Universidade Nova de Lisboa, exerceu consultoria musicológica no Acervo Musical João Mohana para o Arquivo Público do Maranhão, foi diretor do Departamento de Assuntos Culturais da UFMA e, atualmente, coordena a equipe de implantação da Orquestra Sinfônica da Universidade. Rege o coral feminino Vox Feminae e leciona no Programa de Mestrado em Artes do Departamento de Artes da UFMA.