Márcio Páscoa
(Universidade Estadual do Amazonas; GT RIdIM-Brasil - AM)
Orientalismo, exotismo e a representação visual do afro-ameríndio na ópera brasileira do século XIX
A representação visual de negros e índios na ópera brasileira, especialmente os casos de Il Guarany (1870) e Lo Schiavo (1888) de Carlos Gomes (1836-1896) e Bug Jargal (1890) e Jara (1895) de José Cândido da Gama Malcher (1853-1921), não se baseiam numa fonte real, como o Naturalismo cientificista do ultimo terço do século XIX poderia sugerir. As fontes visuais (croquis de figurinos e fotografias), eventualmente com apoio de fontes literárias, dão conta de uma concepção exótica e orientalista de índios e negros, quando da criação de tais títulos operísticos. A imagem que estes indivíduos assumiram perante o próprio público brasileiro quando destas montagens originais, não resistiriam a uma comparação com os elementos circundantes. Isto porque tal concepção na verdade é baseada na forma como o cânone civilizatório do ocidente industrializado aceitava a existência de tais indivíduos. Sua imagem 'real' portanto era menos interessante do que a fantasia que se elaborou sobre eles, de modo a corroborar uma narrativa historicista de civilização e utopia da emancipação.
Breve Biografia
Doutor em Ciências Musicais Históricas pela Universidade de Coimbra, fez Mestrado em Musicologia no Instituto de Artes da Universidade Estadual de São Paulo (1997), mesmo lugar onde se graduou em Instrumentos Antigos (1994). Atualmente é professor do Curso de Música da Universidade do Estado do Amazonas, onde coordena o Laboratório de Musicologia e História Cultural. Dirigi a Orquestra Barroca do Amazonas. Autor de diversos livros dos quais se destacam a série Ópera em Manaus e Ópera em Belém.